sábado, setembro 23, 2006

O DIREITO na minha vida...

Tudo começou há algumas décadas, não muitas. Fui ao oftalmologista e ele constatou que eu enxergava menos com meu olho DIREITO do que com o esquerdo. Minha visão pelo DIREITO não era boa. Comecei então, naquela época, a usar óculos. Tudo mudou. Comecei a enxergar tudo DIREITO.

Passando rapidamente pela infância e adolescência, entrei na fase preparatória para a segunda etapa da vida, onde o ser humano busca sua formação profissional. Pensei DIREITO e optei pela engenharia. Não sei se agi DIREITO. Até hoje me questiono: será que fiz DIREITO em optar pela engenharia ou o DIREITO seria optar pelo DIREITO? Tudo bem, assunto encerrado. Curso concluído. Vamos à vida!!!
Vida profissional iniciada, vida de marido a iniciar. Casei. Vieram os filhos. Todos DIREITOS, os quatro, saudáveis, bonitos e inteligentes.

Poderia escrever centenas de linhas para narrar quase vinte e cinco anos de matrimônio, mas vou me permitir contar apenas uma passagem:
Dentre as tarefas que eu exercia no lar, uma era de dar banho DIREITO nas crianças. Estava eu no box, chuveiro ligado, dando banho no meu filho número dois. Em termos de altura, digamos que o “bracinho” dele, esticado para frente, ficava na altura de um órgão vital para o homem, desconsiderando o coração. Estava pronto o cenário. Havia terminado de dar banho nele, meu filho, e deixei-o no box para que eu terminasse de lavar o meu cabelo, que existia àquela época... Aí vem o DIREITO!!!
Foi com o “bracinho” DIREITO que ele, com o punho DIREITO cerrado, aproveitando-se do momento em que minhas mãos massageavam meus saudosos cabelos, que, num gesto abrupto, desferiu um soco na direção daquele órgão, atingindo cirurgicamente o testículo DIREITO. Naquele instante não esbocei qualquer reação. Apenas tirei-o do banho, sequei-o e mandei que ele fosse para o quarto. Fui para o meu quarto, sentei do lado DIREITO da cama de casal, e gritei de dor, desesperadamente!!!

Finalizando, hoje enxergo DIREITO de outra forma. Para mim, na infância e adolescência, o DIREITO era enxergar o mundo como filho, sem preocupações. Essas cabiam a meus pais.
Depois de casado, o DIREITO foi enxergar o mundo como pai. O papel se invertera. Fiquei repleto de responsabilidades e passei a entender tudo aquilo que meu pai falava e eu passava por cima, sem dar importância.
Por uma questão de DIREITO, o DIREITO diz que eu sou o responsável pelos quatro filhos gerados e criados por mim e minha digníssima mulher.

Não sei DIREITO por que, mas o filho número um optou pelo DIREITO.
Para mim, o DIREITO seria o filho número dois optar por outra profissão. Diversificar era a palavra-chave. Um filho advogado, o outro médico geriatra, a outra engenheira e um fisioterapeuta. Era a garantia de um futuro tranqüilo (dos pais)!!!
O filho número dois, motivador desta crônica, colou grau sem colar e sem colar, apenas com a beca. É DIREITO isso? Um advogado e um bacharel em DIREITO? Respondo: é. Vocação não deve ser negada, não é DIREITO negá-la.

Realmente finalizando, depois desses dois parágrafos, deixo a minha mensagem a ele, blog-filho:
“Tudo o que você vier a fazer, faça DIREITO, à luz do DIREITO, porém DIREITO”.

4 comentários:

Ulla Saraiva Dantas disse...

Emocionante seu texto!!! Inclusive, digo que foi um prazer indescritível conhecê-lo e às suas habilidades mágicas.

Daniel Levis disse...

Pai,obrigado pela homenagem.

Ulla Saraiva Dantas disse...

Diz do Direito blogueiro que só se deve cobrar comentários quando as atualizações em seu blog forem frequentes. Atualiza aí...

Anônimo disse...

Olá Sr. Jaques Levis... Quanto tempo não? Mas, o meu espanto não foi tanto quando vi tal homenagem aos filhos. Acabei de bater um papo com o Daniel e fiquei sabendo das novidades... espero que todos estejam bem. Aqui por Brasília estou bem e espero poder reencontrá-los em breve.
Beijos e saudades.
Carol