sexta-feira, setembro 15, 2006

“Machadão”, o Maracanã de Natal...

Depois da famosa crônica “Maracanã, meu regresso...”, nada mais justo que escrever algumas linhas sobre o “Machadão”, o estádio da cidade do Natal.

Continuo de férias. Na 3ª feira, recebi um convite para assistir a um jogo da série B, América-RN x Portuguesa-SP. Aceitei. Começava aí mais um grande evento esportivo, recheado de cenas interessantes. A compra do ingresso foi simples, exceto em termos de tolerância ao Sol. Escaldante? Não, muito mais escaldante do que você está pensando!!! Vá ser escaldante assim lá na ...(fica a seu critério o destino). Luminosidade intensa, 13 horas em Natal, sem protetor solar, dentro do carro do meu filho, sem ar condicionado. Película nos vidros, nem pensar. Braço esquerdo torrando, mas só da manga da blusa pra baixo. O suor não escorre porque fica retido no tecido da blusa. Molhada!!! Mas tudo bem.Vale o sacrifício. O jogo será à noite. Venta bem na cidade.
Apesar da descrição quase trágica, essa cena do ingresso não durou mais do que 3 minutos. Com o ingresso no bolso, levei meu filho para o estágio e voltei para o abrigo, o apartamento.
Hora de ir para o estádio. Aliás, alguém sabe com quantos minutos de antecedência devemos sair de casa? Jogo marcado para 20h30min, saímos uma hora antes. Tarefas a realizar: buscar um amigo do meu filho mais velho, ou melhor, menos jovem; achar uma vaga “segura” se não levam; caminhar até os portões de acesso (como ficam distantes do carro!); e, finalmente, achar um lugar que comporte os cinco torcedores.
A primeira tarefa foi fácil, o carona não pode se atrasar. Achar a vaga não foi tão difícil, apenas eu considerei que deixar o carro numa vaga privativa de uma clínica médica não era adequado, mas quem sou eu pra discutir. O deslocamento a pé até os portões de acesso é revestido de euforia, parece que todos vão lá pela primeira vez. O movimento intenso de carros e pessoas nos arredores prepara o clima do certame. Nesse trajeto, somos abordados por cidadãos benevolentes, com extrema bondade, preocupados conosco, com o nosso bem estar, oferecendo ingressos a preços módicos, idênticos aos vendidos nas bilheterias. Só cobram uma taxa simbólica, especial, pelo seu gesto beneficente, que é cerca de 150 a 200% do valor do ingresso. Como é bom poder ajudar seu semelhante!!! Fiquei triste em não poder ajudá-los, pois eu já havia adquirido o dito cujo.
Caminhamos mais um pouco... Os gritos isolados são ouvidos por todos: MECÃO !!! PRIMEIRA DIVISÃO !!! EI, PORTUGUESA, VAI TOMAR não sei aonde !!! Tudo tão tranqüilo, jogo de um time só, o da casa, sem maiores complicações. Junto aos gritos, os cheiros, os odores vindos das carrocinhas improvisadas. Creio que o mais comum é aquele de cachorro-quente (aqui com carne moída) e o de churrasquinho de algum ex-mamífero, morto em condições desconhecidas. Fiquei isento a essas “tentações” do estômago. Havia jantado.
Ah, eu ia me esquecendo, mesmo sem ter bebido, mas vão vender e beber cerveja assim lá na Alemanha. Parecia um congresso de latinhas de cerveja. Chegam, não muito geladas, vão pra “friza”, gelam um pouco, e depois são esvaziadas num cerimonial intrigante. Saem do isopor, originalmente branco, cinza pela experiência, recebem uma demão de camisa (um pouco suada, às vezes fétida) sobre o elo que faz abrir a lata, acreditem, com o propósito de “limpar” o local por onde a cerveja será vertida. Um gole, dois goles, três goles, a-ca-bou !!! Desce outra, e mais outra, e o jogo nem começou. Como dizem os jovens, “caraca” !!! E os mais velhos, “nós viemos aqui pra beber ou pra assistir futebol”.
A entrada no estádio foi normal. Casa quase cheia, torcida organizada, do bem, ajudando o time a vencer, cantando canções de incentivo. Um detalhe que percebi na arquibancada foi outra vibração, além da natural da torcida, de origem estrutural, oriunda de esforços repetidos provocados por um pequeno grupo de torcedores, cerca de 2.000, que pulavam de forma organizada. Torci pelo time e pela resistência dos materiais empregados na construção da arquibancada. No mais, o jogo foi tranqüilo, os jogadores do América aguerridos, dispostos a vencer, fazendo jus ao hino de seu clube irmão, o América-RJ (hei de vencer, vencer, vencer...).
Venceu. Com méritos. Parabéns MECÃO !!!

(Lembrei-me agora que meu filho, o “blog-filho”, disse-me para que eu não faça textos longos. Desculpe-me por isso, tá acabando, espero).

A volta pra casa foi tranqüila. Insinuei para os meus dois filhos que seria bom se pudéssemos comer um sanduíche, mas pelo adiantado da hora achava inadequado. Como todo pai, não fui ouvido. Numa manobra arrojada, meu filho parou o carro em frente à lanchonete. Onze horas da noite. Isso é hora pra comer sanduíche? Sim, responderam meus filhos em uníssono. Mas e a sua mãe, retruquei. Ela não gosta de sanduíche e certamente reclamará. Foi então que ouvi, não sei de onde, uma voz dizer: ela não precisa saber!!! Pronto, estava tudo pronto para forjarmos um álibi.
Chegaram os sanduíches, três, um pra cada um. Grandes, muito grandes, ficaram maiores ainda pelo adiantado da hora. Isso lá era hora de comer aquela quantidade de carne, pão, queijo, ovo, e não sei mais o quê. Sem contar as pobres das batatinhas fritas. Não sobrou uma pra contar história.
Acabou a coca-cola, paguei a conta, essa é minha, e fomos pra casa dormir. Dormir? Ah, essa é outra estória !!! Dormir plenamente saciado por um sanduíche tamanho família. Basta esperar as oito horas regulamentares para a digestão e você terá uma bela noite de sonhos, ou melhor, nesse caso, um belo dia...

Notas do autor:
1. Agora que você acabou de ler, faça um comentário, mesmo que seja “nada a comentar”. Obrigado pelo seu incentivo e espontaneidade; e
2. Se por acaso você estava decidido(a) a enviar um comentário, favor ignorar a nota acima. Muito obrigado...

4 comentários:

Daniel Levis disse...

Amanhã é dia de Machadão de novo. Ainda mais cheio. Vamos vencer o Marília e chegar ao grupo dos 4 primeiros.
O texto foi longo sim, mas de fácil leitura. Nem pareceu grande.

Anônimo disse...

Excelente texto. Estou impressionado com esse novo talento. Parabéns ao blogueiro.

Ulla Saraiva Dantas disse...

Mas olha..."blog pai" já tá inteirado do mundo blogueiro que já começa a pedir comentários!!!

òtimo texto...que aventura ein?

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkk... deixa o blog-pai falar, blog-filho!