domingo, dezembro 04, 2011

O sonho da casa própria

Inspirado por um comentário da minha prénora (novo grau de parentesco), permitam-me abrir meu coração, figuradamente, e escrever algumas linhas sobre uma experiência bem recente, que dá nome a este texto.

Por não ter tido problemas de moradia na minha infância e adolescência, e por ter tido a oportunidade de morar em casas cedidas pelo meu empregador, sempre com a correspondente indenização, não fiz uma programação financeira para obter o nosso (da família que constituí) imóvel. Casado há cerca de 30 anos e com mais quatro anos de estágio, colhi ensinamentos da experiência vivida pela minha esposa antes de nos conhecermos, e pude dar o devido valor ao “sonho da casa própria”. É fato que uma família numerosa tem despesas e que o mês tem 30 dias, alguns 31, outros 30, um 28, e esse pequenino às vezes se empolga e vai a 29, mas volta rapidinho a 28 e descansa 4 anos para fazer a mesma traquinagem depois. Em suma, receita menos despesa tem que dar um valor positivo, porém, nem sempre isso aconteceu. Logo, investimentos eram relegados a segundo plano, não por não serem importantes, mas sim por impossibilidade. Como diz o poeta, “segue o jogo”. E o jogo seguiu. De uns anos pra cá, a necessidade de um local próprio para morar ficou evidente e gritante, no meu ouvido. O cenário era outro, minha missão com o meu empregador havia sido cumprida (e comprida), filhos encaminhados, porém as perguntas permaneciam no meu ouvido e no da minha esposa, cada vez mais altas: cadê o nosso apartamento? Qual é o nosso endereço?

Em agosto deste ano fui à Natal conhecer o meu neto, Artur, recém-chegado a este mundo. Naquela oportunidade aproveitamos o tempo disponível e começamos a procura de um lugar para chamar de nosso. Foram cerca de duas semanas de intensas buscas, porém sem sucesso. E o tempo passando... Em novembro, nosso filho número quatro foi à Natal também para conhecer seu sobrinho e com a tarefa de achar um apartamento para a família. No primeiro dia de sua estada naquela cidade, ele achou o apartamento no local que desejávamos e com um preço aceitável. Daí em diante as coisas começaram a dar certo, esse apartamento que ele achou foi substituído por outro no mesmo condomínio e, pouco tempo depois, fechamos negócio. Pronto, o “sonho da casa própria”, ou melhor, “do apartamento próprio” tinha sido realizado. “Habemos endereço”. Amém.

E aí? Terminou um sonho, começou outro. Espaço garantido, vazio, mas nosso, deve ser recheado. O sonho do apartamento próprio pode ser comparado à aquisição de um pastel. Você compra com a expectativa de encontrar muito recheio, porém, ao abri-lo, tem muito mais ar do que recheio. E o que eu gosto é de queijo!!! Ele derrete, fica colado na massa e dá mais espaço para o ar. Esqueçam o pastel. Nosso apartamento, pequeno apartamento, será tal qual uma empada de palmito da padaria lá de Petrópolis. Delicioso!!! Essa empada é plena de recheio, sobrando pouco espaço para o ar. Isso fará com que a família se una cada vez mais, ficaremos todos bem juntinhos, sentados no mesmo sofá, apoiados pelo vento que vem do mar para impedir a sudorese. Nada de ventilador ligado! O único cuidado que se deve ter nesses casos é em relação ao cardápio. Adotaremos cardápios leves (sem trocadilho) para que tenhamos uma digestão bem processada, sem surpresas desagradáveis.

Voltemos ao tema. O processo de recheio demandará mais tempo do que eu esperava. Mas e daí? O apartamento é NOSSO!!! Posso acampar lá dentro se quiser. Mas brincadeiras à parte, a coisa está indo bem. Infelizmente, e falo sério, não estou em Natal para as devidas providências, mas minha mulher e filhos lá estão. E estão dando a cadência necessária, dentro das possibilidades, para torná-lo habitável o mais breve possível. Vamos para o próximo parágrafo.

A dimensão de um apartamento é relativa. Se vocês observarem bem, os habitantes de grandes apartamentos utilizam, efetivamente, um percentual bem pequeno em relação àquela área toda. Exemplifico citando minha adolescência, época que morava com meus pais, num apartamento acima de 150 metros quadrados. Eu utilizava no máximo 7 metros quadrados, assim distribuídos: quarto (2), sala (2), banheiro (2) e cozinha (1). Não computei a área comum (corredor), mas se quiserem somem mais 3 metros quadrados e chegaremos a 10 metros quadrados. De forma análoga, o NOSSO apartamento tem a dimensão suficiente e necessária para a família. Depois de sua ocupação propriamente dita, poderemos até estudar a possibilidade de disponibilizar um quarto para aluguel. E não esqueçam que ainda tem a vaga de garagem lá embaixo. Podemos introduzir uma inovação no mercado imobiliário e transformar aquela vaga num closet, quem sabe, ou noutro quarto. Basta montar uma tenda no local. Para visualizar, pensem numa caixa de sapato com a tampa verde. A patente é minha.

Como estamos falando do apartamento, cabe abrir um espaço para comentar a burocracia envolvida no processo de compra. Graças a meu filho número um, o processo vem sendo conduzido de forma tranquila, pelo menos para mim que estou distante 3.000 quilômetros. O trabalhão que ele está tendo é igual a cartão de crédito, não tem preço. E é por esse motivo que não poderei pagar os honorários, para não quebrar essa corrente do cartão de crédito. Muito obrigado, filho número um. E para a filha número três que eventualmente o acompanha, muito obrigado também. Vocês devem estar se perguntando sobre o filho número dois, porque eu não citei. Pronto, aí vai a citação. Ele trabalha numa cidade distante de Natal e essa distância não permite que ele participe ativamente de todas as atividades. Mas tanto ele, quanto eu, teremos tarefas específicas para executar. No meu caso, que sou o único da família que não conhece o apartamento, farei a minha inspeção no próximo dia 23, quando o teste de aceitação dos equipamentos comprados será feito. Por favor, providenciem a compra da TV, do sofá e do ar condicionado. Quero testá-los exaustivamente.

Finalizando, gerundisticamente falando, espero que NOSSA CASA PRÓPRIA seja um SONHO, não o da padaria que eu falei, mas um sonho no sentido figurado, que nos traga (sem cigarro) muita felicidade, união e prosperidade.

O SONHO DA CASA PRÓPRIA ACABOU, É REALIDADE, MAS SE O SONHO ACABOU, PODEMOS COMPRAR PÃO DOCE, COM RECHEIO DE GOIABADA. QUE DELÍCIA!!!