quarta-feira, outubro 17, 2007

abc 1x5 América

Ontem, pela Copa RN, o Mecão derrotou o abc pelo placar de 5x1.
O time de preto estava em situação confortável. Disputando vaga para o campeonato brasileiro da série B, escalou um time aspirante, formado em grande parte por jogadores sub-20.
A decisão, a meu ver acertada, tinha como principal objetivo resguardar o time principal para a partida desta quinta, contra o Atlético Goianiense.
Não se pode, entretanto, deixar de ressaltar que também carregava a pretensão de colocar o Dragão contra a parede. Transferir toda a responsabilidade da vitória para o time alvirrubro, que se não conseguisse um resultado positivo, entraria em crise.
(sim, o América está em crise. Mas a pior fase já passou. Já é momento do reerguer).
O engraçado é que os abcdistas realmente acreditaram que venceriam o América com um time aspirante. Um absurdo, decorrente da enorme soberba que tem tomado os que vestem preto e branco e que, há não muito tempo, também contaminou os americanos.
Parecem não lembrar que disputam a Série C e que fazem um esforço enorme para alcançar aquilo que o rival tentou evitar durante todo o ano. Esquecem que o elefante luta desesperadamente por algo que o Dragão nada precisa fazer para alcançar.
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Ao contrário da maioria dos meus amigos americanos, torço para que o abc suba para a série B, acompanhado de Bahia, Nacional e Vila Nova (do artilheiro fanfarrão Túlio Maravilha).
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Sim, a equipe que vencemos não era a principal do abc. Mas foi 5x1, na casa deles. E golear é sempre divertido.
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Não reprovo os companheiros alvirrubros que ainda comemoram a vitória. Só acho que não se trata de revanche pela derrota no Estadual. São, logicamente, partidas de pesos diferentes.
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Ridículo o comportamente de alguns abcdistas. São goleados e, ainda assim, acham que podem malhar os adversários. Cuidado com a soberba.
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Digam o que quiser, mas a melhor equipe do Rio Grande do Norte é o América.
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Podemos não ser os melhores, mas, certamente, somos o time mais guerreiro do Brasil.
Dá-lhe Mecão!

quarta-feira, outubro 10, 2007

Dopagem

Texto sensacional, escrito por Nivaldo Pereira, publicado hoje, no Blog do Juca Kfouri.

'Eu joguei dopado'
Por NIVALDO PEREIRA

O Arsenal era o time de futebol dos pescadores de Zumbi.
Vestia camisas brancas com uma faixa diagonal vermelha.
O calção podia ser de qualquer cor.
Sua gênese: a presença de marinheiros ingleses de passagem "por aquelas bandas".
Zumbi é uma entre tantas praias deslumbrantes no Rio Grande do Norte.
Próxima ao Cabo de São Roque, perto de Natal e distante de Deus, posição que orientaria a estratégia americana na II Guerra Mundial ao construir uma base militar no litoral brasileiro, logística de suprimento aos aliados nos front europeu e africano.
Mas não é de guerra e menos dos yanques que recordo.
Lembro e jamais esquecerei da arrogância do Botafogo, time de Pititinga, principal adversário do saudoso Arsenal.
Pititinga, a uma légua de Zumbi, era uma comunidade desenvolvida: tinha escola com primário, estrada e marinheiros aposentados, que viajaram por um bocado de lugar.
Falam , mas não acredito, que alguns pititingas foram ao estrangeiro.
Povo besta. Besta, mentiroso e ruim de bola.
O Arsenal surrava o Botafogo todo mês, doze vezes por ano.
Em nossa casa e no chiqueiro deles.
Fazíamos a barba com os aspirantes e o cabelo com os titulares.
O aspirante do Arsenal era tão bom que formou um time dissidente chamado de Calor do Ar, porque ganhou umas camisas azuis de um tenente da FAB que um dia se perdeu, apareceu lá em Zumbi, tomou umas cachaças com peixe frito e ficou amigo dos zumbis, povo simpático e acolhedor.
Mas voltemos às surras que a gente dava nos vizinhos .
Cansados de apanhar, os pititingas passaram a enchetar o Botafogo com jogadores de Natal e de outras redondezas.
Até jogador de federação, que já dera entrevista na Rádio Cabugi, eles trouxeram, pagando, não sei como, para marcar nossos craques: Betinho, Catimbira, Mané Sabina, Chico de Lina, Bubu, Chico de Pedro... sem esquecer General, filho de Mane Baú, um goleiro tão bom que só não ficou no Alecrim de Natal porque teve saudade da namorada, essas coisas que ocorrem também com profissional do Rio e de São Paulo que vai pro exterior. General era melhor do que Gilmar.
Enchetado de jogador de federação o Botafogo passou a vencer o Arsenal.
De fevereiro a julho ganhou quatro e empatou duas.
Até goleada teve e isso me envergonho de contar.
Foi quando procuramos ajuda do tenente da FAB.
O Arsenal tinha de melhorar o "rendimento físico", diagnosticou o milico enfático: "esse time de Pititinga tá cheio de jogador dopado. Vocês têm que se dopar também".
Falou com a segurança de um tenente da Aeronáutica e foi embora.
No domingo, mais um Arsenal X Botafogo, no chiqueiro deles.
Nossa torcida pedia vingança, maneira de jogar na cara dos pititingas o mofo da arrogância e passar o mês de agosto sorrindo e contando lorotas.
Sábado, véspera do clássico, pátio da capela, tradicional lugar para os acertos finais.
Pedro Neves, um comunista receitador de remédio que chegou em Zumbi ninguém sabe como trouxe a fórmula do doping que permitiria ao Arsenal enfrentar o Botafogo em pé de igualdade: seis latas de goiabada cascão e doze melhoral, comprados na bodega de Nezinho e ingeridos ainda no sábado.
O restante dos entorpecentes foi adquirido clandestinamente e tomado atrás de uma moita pouco antes do jogo: l5 garrafas de coca-cola e meio quilo de sal.
Ingerimos a mistura e partimos pro jogo.
Ganhamos na bola e no pau.
Três gols de Catimbira.
Trinta anos passados ainda temo a apresentação de recurso ao STJD.
Os pititingas são chegados a essas coisas de leis.

sexta-feira, outubro 05, 2007

DOM QUIXOTE & SANCHO PANÇA

Os amantes do futebol que assistiram aos últimos jogos do América no Machadão não se arrependeram. E não digo isso tão-somente pelo vistoso futebol de Souza, pela habilidade de Berg, pela liderança de Leandro Sena, pela precisão do xerifão Robson ou pelo novo paredão chamado Sérvulo. Também não me refiro à garra, à dedicação ou ao comovente esforço destes verdadeiros heróis que compõem o elenco alvirrubro. Hoje, é a cumplicidade entre os guerreiros do campo e os das arquibancadas que mais emociona.
A fanática e fidelíssima torcida não abandona o time e, a cada jogo, é mais determinante.
É uma luta pelo impossível. O Mecão, tal qual Dom Quixote, luta contra moinhos. Mas isso não o deprecia. Ao contrário, fortalece e faz das batalhas ainda mais belas. E ao seu lado, sempre ao seu lado, permaneceremos nós, os céticos, porém encantados Sanchos Panças.